Saturday, June 09, 2007

Juvenal

Juvenal tava desempregado há meses.

Com a resistência que só os brasileiros tem, o Juvenal foi tentar mais um emprego em mais uma  entrevista.

Ao chegar no escritório, o entrevistador lhe perguntou: 
- Qual foi seu último salário? 
- "Salário mínimo", respondeu Juvenal. 
- Pois se o Sr. for contratado ganhará 10 mil dólares por mês! 
- Jura? 
- Que carro o Sr. tem? 
- Na verdade, agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na
rua e um carrinho de mão! 
- Pois se o senhor trabalhar conosco ganhará um Audi para você e
>uma  BMW para sua esposa! Tudo zero! 
- Jura? 
- O senhor viaja muito para o exterior? 
- O mais longe que fui foi pra Belo Horizonte, visitar uns parentes 
- Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por
ano, para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque, etc. 
- Jura? 
- E lhe digo mais... O emprego é quase seu. Só não lhe confirmo
agora  porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente
garantido. Se  até amanhã (sexta-feira) à meia-noite o senhor NÃO receber um telegrama nosso cancelando, pode vir trabalhar na segunda-feira. 
Juvenal saiu do escritório radiante. Agora era só esperar até a 
meia-noite da sexta-feira e rezar para que não aparecesse nenhum
maldito telegrama. 
Sexta-feira mais feliz não poderia haver. E Juvenal reuniu a
família e contou as boas novas.

Convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa a base de muito pagode. 
Sexta de tarde já tinha um barril de chopp aberto. As 9 horas da 
noite a festa fervia. 
O grupo tocava, o povo dançava, a bebida rolava solta. Dez horas,
e a  mulher de Juvenal aflita, achava tudo um exagero. 
A vizinha gostosa, interesseira, já se jogava pra perto do
Juvenal. 
E o Grupo de pagode tocava! 
E o chopp gelado rolava! 
O povo dançava! 
Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro. 
Gastaria horrores para o bairro encher a pança. Tudo por conta do 
primeiro salário. E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre,
meio boba, meio assustada. 
Onze horas e cinqüenta e cinco minutos........ 
Vira na esquina buzinando feito louco uma motoca amarela... 
Era do Correio! 
A festa parou! 
O grupo calou! 
A tuba engasgou! 
Um bêbado arrotou! 
Uma velha peidou! 
Um cachorro uivou! 
Meu Deus, e agora? Quem pagaria a conta da festa? 
- Coitado do Juvenal! Era a frase mais ouvida. 
Jogaram água na churrasqueira! 
O chopp esquentou! 
A mulher do Juvenal desmaiou! 
A motoca parou! 
- Senhor Juvenal Batista Romano Barbieri? 
- Si, si, sim, so, so, sou eu... 
A multidão não resistiu... 
- OOOOOHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!! 
- Telegrama para o senhor... 
Juvenal não acreditava... 
Pegou o telegrama, com os olhos cheios d'água, ergueu a cabeça e
olhou  para todos. 
Silêncio total. 
Respirou fundo e abriu o telegrama. 
Uma lágrima rolou, molhando o telegrama.. 
Olhou de novo para o povo e a consternação era geral. 
Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler. 
O povo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava. 
- E agora? Quem vai pagar essa festa toda? 
Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez
para o  povo que o encarava... 
Então, Juvenal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e
começou   a gritar eufórico ... 

- Mamãe morreeeeuuu! Mamãe Morreeeeuuu!!!!!!!

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